CÉSAR CAMARGO MARIANO LEVA BOSSA E IVAN LINS AO FESTIVAL DE TRANCOSO.
Felipe Kopanski.
Porto Seguro, 17 mar (EFE) - Após dois dias de concertos e solistas, o violino cedeu a vez, e o Festival Música em Trancoso - sem perder sua excelência - cairá na bossa na noite desta segunda-feira sob a tutela do "maestro" César Camargo Mariano, que sobe ao palco na companhia dos amigos Ivan Lins e Edmar Castaneda, um talentoso harpista colombiano.
Dentro da chamada "Cesar & Friends", a noite bossa nova entra em cena para representar o viés popular e dar ritmo ao festival, mas dentro do mesmo nível de qualidade, como garantiu o pianista, arranjador e compositor em entrevista à Agência Efe.
César, que esteve envolvido emocionalmente com o projeto desde o início, foi condecorado "dono da bossa" pela direção do festival e, com base nas edições anteriores, tem justificado o rótulo a altura: primeiro com Monica Salmaso, em 2012; depois com Leni Andrade, em 2013, e, agora, com Ivan Lins.
"É um grande prazer estar envolvido com um projeto desta magnitude, que trabalha a mistura de universos (musicais), a música de qualidade e, inclusive, a educação. Sempre penso no melhor e, por isso, trouxe o Ivan Lins para esta edição", declarou o músico à Efe durante um dos muitos ensaios.
Com uma trajetória inquestionável dentro da música popular brasileira, na qual muitas vezes é reduzido ao posto de ex-marido de Elis Regina, César Camargo Mariano, que volta ao palco do festival na próxima quinta, quando realiza uma esperada jam session, tem propriedade tanto para falar de música quanto do festival.
"No ano passado, uma vendedora de artesanato me reconheceu na praia e disse ter gostado muito do show. Eu me arrepiei por inteiro, principalmente por comprovar que essa acessibilidade do festival funciona. Fazemos isso para os locais também, o resgate de um som que não toca mais nas rádios", apontou.
Dentro do repertório escolhido pelo próprio arranjador, um misto entre alguns clássicos ("Odeon", "Crying" e "Tororó") com cinco músicas do convidado de honra. Ivan Lins apenas canta, mas também se propõe a fazer mais em nome do festival, que soube através de uma conversa via Skype com César, atualmente radicado nos EUA.
"Queria falar comigo cara a cara. Até então, eu não sabia da existência do festival, como muitos. No entanto, quando soube, já quis fazer parte. Como sonhador e idealista, logo observei um desenvolvimento latente, um espaço para desenvolver música com qualidade", declarou Ivan Lins por sua vez.
"Nos próximos anos, o festival será uma referência regional, nacional e, inclusive, internacional. Acredito que nos próximos isso aqui estará cheio de japoneses", brincou o compositor, que, por sinal, disse ter ficado "chapado" com a sonoridade do convidado colombiano.
Edmar Castaneda, que deixou Bogotá para viver em Nova York ainda em 1994, aparece como uma unanimidade do ponto de vista musical, tendo em vista que o instrumentista mistura a até então isolada harpa com jazz e, acreditem, samba. "É algo alucinante. Só vendo mesmo para entender", finalizou César Camargo Mariano sem esconder o entusiasmo.