A Agility Robotics trouxe para o Web Summit o seu robot Digit, que pretende solucionar os problemas de logística nos armazéns, aliviando os trabalhos de carga pesada dos trabalhadores.
A Agility Robotics está focada em realizar tarefas de logística que os humanos não conseguem fazer através de robots humanoides. Os humanos movem caixas e outros objetos pesados de um lado para o outro, revelando danos nos joelhos e costas ao longo do tempo. A empresa quer aliviar esse peso dos trabalhadores.
O maior desafio que a empresa pretende solucionar com os humanoides é exatamente tornar os robots mais humanos. Segundo Peggy Johnson, CEO da Agility Robotics, durante um painel no Web Summit, fazê-los de forma correta é muito difícil, mas tem sido algo que a empresa tem vindo a trabalhar nos últimos 10 anos. O Digit é o resultado desse processo de trabalho.
Este é o primeiro robot humanoide no conceito robots-as-a-service, que poderão ser os próximos colegas de trabalho num armazém. O robot bipedal tem um peso de 72 quilos e mede 1,75 metros, tendo assumindo o palco do Web Summit.
O corpo já estava criado, mas agora a IA generativa veio reforçar o seu cérebro, simulando os dados através de modelos LLM para que os operadores interajam facilmente com o robot. Os gestores de empresas de logística podem dar-lhes comandos para executarem trabalhos diferentes, por exemplo, de manhã e de tarde. Durante três anos, a empresa fez testes em locais reais de operações de logística. Esses dados recolhidos foram utilizados para treinar o modelo de IA do Digit.
O Digit pode fazer os trabalhos por períodos de tempo mais longos, os chamados “trabalhos sujos”. Peggy Johnson disse que nos Estados Unidos existem cerca de um milhão de vagas de trabalhos abertas nesta área e ninguém as aceita, pelos problemas físicos associados. Os robots podem assumir esses trabalhos, com o seu software para gerir os robots nas organizações.
Fez-se a comparação entre os humanos e os robots no que diz respeito ao tempo seguido que conseguem trabalhar. A líder da empresa diz que os humanos ainda duram mais tempo a trabalhar, cerca de 4 para 1 nos seus cálculos, no que diz respeito à energia despendida. No entanto, os seus robots conseguem perceber quando a sua carga está a acabar e procuram, de forma autónoma, o local para se recarregarem.
As mãos do robot podem ser trocadas mediante o trabalho que pretendem fazer. Pode misturar dedos com garras, e no exemplo em palco, o Digit estava preparado para dobrar roupa. A empresa chama-lhe “indefectors”, as ferramentas que podem ser colocadas nas mãos dos robots. As pernas do robot são também especiais, têm dobras para trás. A empresa explica que quando se baixa para apanhar algo, as pernas podem estorvar com o objeto à sua frente que procuram interagir, por isso, dobram-se para trás.
Considerando que o mundo foi criado para humanos, a empresa escolheu um robot com um aspeto humanoide para que as empresas não precisem de mudar os espaços. A empresa coloca assim os robots onde estão os humanos. Usa pernas em vez de rodas, porque pode andar em diversas superfícies, tal como os humanos, incluindo subir e descer as escadas. Peggy Johnson explica que não há teleoperações, ou seja, ninguém está a comandar o robot. Este é totalmente autónomo, treinado no workflow do trabalho da empresa.
Estão sempre a trocar os modelos de IA e podem usar ChatGPT, Deepmind da Google ou mesmo o da própria empresa. E estes modelos distintos podem fazer com que o robot tenha comportamentos diferentes. Os robots humanoides trabalham nas suas células de forma isolada dos humanos, para questões de segurança. Mas a empresa continua a afinar e a estreitar a segurança no trabalho em cooperação, diminuindo o perigo para os trabalhadores humanos. Espera-se novidades para o próximo ano.
O Digit é composto por 17 câmaras espalhadas que permitem ao robot olhar para baixo para se posicionar, mas para a frente para se orientar. Durante o evento foi feita uma demonstração com o robot em palco, com comandos dados via iPad devido à interferência do barulho presente no recinto. Mas a empresa diz que este podem receber comandos vocais diretamente no seu local de trabalho.
Durante a demonstração este recebeu comandos para apanhar peças de roupa na mesa e colocar num cesto. Foi uma experiência bastante lenta, demorando vários segundos no processamento, desde o comando e a sua interação. O robot encontrou as peças com cores e padrões dos comandos dados, mas as suas mãos, em forma de gancho, semelhantes às máquinas de brindes e peluches. O robot chegou mesmo a falhar a apanhar uma peça, mas não “descansou” enquanto não recolheu e, literalmente, deixou cair na cesta.
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Fonte: SapoTeck